Projeto TAU: um novo horizonte logístico para a Amazônia nasce em Santarém

Por Fabio Maia

Nos dias 23 e 24 de maio de 2025, a cidade de Santarém, coração pulsante da Amazônia Atlântica-Estuarina, foi palco de um evento de importância estratégica singular: o Workshop Internacional do PROJETO TAU. Promovido pelo Instituto de Estudos Estratégicos da Amazônia (IE²A), em parceria com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (CREA-PA) e com apoio de diversas instituições, o encontro reuniu especialistas, representantes do governo, das forças armadas e do setor privado para lançar as bases de um corredor logístico que promete redefinir o papel da Amazônia na integração da América do Sul.

Como participante ativo deste workshop, pude testemunhar o nascimento de uma visão ambiciosa e necessária. O Projeto TAU, simbolizado pela letra “T” que representa a conexão Norte-Sul (entre as bacias Amazônica e do Prata) e Leste-Oeste (do Atlântico ao Pacífico), busca transformar a Amazônia. Deixa de ser apenas uma vasta área de conservação iva para se tornar um eixo dinâmico de desenvolvimento sustentável, integração continental e, fundamentalmente, de afirmação da soberania brasileira.

A proposta central é a criação de um corredor logístico multimodal, integrando hidrovias, ferrovias, rodovias e transporte aéreo, com destaque para o potencial subutilizado dos nossos rios e a visão audaciosa de um Porto de Águas Profundas (Terminal Offshore). O objetivo é claro: facilitar o escoamento da produção regional, reduzir drasticamente os custos logísticos que hoje nos penalizam e aumentar a competitividade dos produtos amazônicos nos mercados globais, conectando-nos de forma mais eficiente que os saturados portos do Sul e Sudeste.

A escolha de Santarém como sede do evento não foi simbólica, mas estratégica. Nossa cidade está posicionada geograficamente como o ponto de convergência natural para os fluxos propostos pelo TAU. Estamos destinados a ser o principal hub de serviços, apoio logístico e inteligência para este corredor vital, abrindo um leque de oportunidades para o agronegócio, o setor de transportes, a construção civil, os serviços especializados e o turismo de negócios em nossa região.

É fundamental registrar um agradecimento especial aos organizadores deste evento seminal. Ao Instituto de Estudos Estratégicos da Amazônia (IE²A), na pessoa de seu presidente, Francisco de Assis Matos de Abreu, e ao CREA-PA, liderado pela presidente Eng.ª Civil Adriana Falconeri Rebelo Boy, pela visão e pela capacidade de articulação em reunir tantos atores importantes para dar o pontapé inicial neste projeto.

Contudo, como foi ressaltado durante o workshop e expresso na “Carta de Caboco Mocorongo do Projeto TAU”, este é apenas o primeiro o. O lançamento da ideia é crucial, mas sua concretização depende de um esforço contínuo e colaborativo. O Projeto TAU não pode e não deve ser apenas mais um plano tecnocrático desenhado em gabinetes distantes da nossa realidade.

Ele precisa ser abraçado e construído pelas verdadeiras cabeças pensantes da Amazônia: aqueles que vivem e compreendem profundamente a complexa logística amazônida, suas dificuldades intrínsecas e suas imensas potencialidades. São esses atores locais – empresários, engenheiros, técnicos, ribeirinhos, indígenas, acadêmicos regionais – que, infelizmente, muitas vezes não são ouvidos na formulação de projetos logísticos do governo federal e são frequentemente ignorados em grandes eventos climáticos internacionais, como a COP30, onde decisões que impactam diretamente nossas vidas são tomadas sem nossa participação efetiva.

Por isso, a defesa mais importante que emerge deste workshop é que o Projeto TAU transcenda as gestões e os interesses partidários. Ele não pode ser um mero “projeto político”, sujeito às vontades de ocasião. Deve ser consolidado como um verdadeiro “projeto de estado”, uma estratégia de longo prazo para o desenvolvimento do Brasil, para a integração da Amazônia, mas, acima de tudo, para a melhoria da qualidade de vida e a geração de oportunidades para as pessoas que moram e constroem a Amazônia todos os dias.

O caminho é longo e desafiador, mas o lançamento do Projeto TAU em Santarém acende uma chama de esperança e renova a convicção de que é possível construir um futuro onde a Amazônia seja sinônimo não apenas de preservação, mas também de prosperidade, integração e soberania.

O Impacto

Um comentário em “Projeto TAU: um novo horizonte logístico para a Amazônia nasce em Santarém

  • 27 de maio de 2025 em 18:51
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    Parabéns Fábio Maia, pelo texto.
    Eu também estive presente na conferência do Projeto TAU e fiquei extremamente impactado com a ideia.
    Esperamos agora que possamos ver essa iniciativa sendo levada adiante e que envolva todos os que por ela serão impactados.

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